E aí galera? Todo mundo curtindo as férias? Espero que sim!
Quem aqui é fã de "O Senhor dos Anéis" e já viu "O Hobbit" no cinema? A Resenha de Colaborador de hoje é sobre o livro "A Sabedoria do Condado", que é baseado nesses clássicos de J.R.R. Tolkien. Este belíssimo texto abaixo foi escrito pela querida amiga Tania Lima, que é colunista do blog As Envenenadas Pela Maçã e é super fã do Tolkien!
Espero que gostem da resenha! Beeijos para todos!
Sinopse:
Noble Smith mostra as ideias que podem mudar sua vida contidas nos clássicos de J.R.R. Tolkien e sua mais adorada criação.
Baseado em O Senhor dos Anéis, O Hobbit e outras histórias da Terra-média, Noble Smith demonstra como um confortável buraco do Hobbit é, na realidade, um estado de espírito e que até mesmo a menor das pessoas pode ter o valor de um Cavaleiro de Rohan. O autor explora temas importantes para um Halfling, como cerveja, comida e amizade, mas também temas sérios, como coragem, viver em harmonia com a natureza e bem versus mal. Por que presentear em vez de ser presenteado em seu aniversario é uma ideia revolucionária? Como prazeres simples – tais como jardinagem, longas caminhadas e deliciosas refeições com seus amigos – podem fazê-lo mais feliz de forma significativa? E como podemos carregar o fardo de nosso “próprio anel do poder” sem sermos devorados? A Sabedoria do Condado as respostas para essas e outras questões essenciais da vida.
Skoob - Informações na página da Editora - Book Trailer
Resenha:
“Eu
mesmo sou um Hobbit (em tudo, exceto no tamanho).
Adoro jardins,
árvores e fazendas sem máquinas.
Gosto de fumar
cachimbo e de comer comida caseira...
vou dormir tarde e me levanto tarde (quando
possível).
J.R.R. Tolkien
“Há algo no caráter
dos Hobbits (e não nos personagens chamados Hobbits)
que faz com que eles vivam dentro de nós de
uma forma profunda e duradoura.
Tolkien criou a
Terra-média em sua mente, mas os Hobbits provieram de seu coração.
Nossas vidas seriam
melhores se alguns dos hábitos desse povo animado, honesto, decidido e
trabalhador pudessem se tornar nossos próprios hábitos.”
Noble Smith
Ele chegou! 2013
finalmente chegou e, diferentemente do ano que passou, começou com uma sensação
muito boa. Pois é, apesar de 2012 ter sido um ano muito bom para mim, confesso
que não estava tão animada e otimista na virada. Mas este não, caramba! Estou
muito animada e com uma sensação muito boa – sinto que iniciamos uma nova era,
não apenas para realizações pessoais, mas também em termos de sociedade.
Infelizmente, como todos
esperávamos, a chuva de janeiro trouxe as histórias tristes que vemos se
repetir ano a ano. Espero, sinceramente, que pare por aqui. Que chova, pois é
necessário, é natural, mas que não haja mais tragédias em consequência disso.
Apesar de tudo, acredito
que este será um ano muito bom para o nosso país, isso pode ser confiança, fé,
ou apenas ressaca pelo desfecho de 2012. Sejamos francos, não foi tão ruim
assim.
Para ilustrar o otimismo
que estou sentindo, resolvi escolher um dos últimos lançamentos literários de
2012: A Sabedoria do Condado – tudo sobre
o estilo de vida dos Hobbits para uma vida longa e feliz – de Noble Smith,
editado pela Novo Conceito.
Não por acaso escolhi essa
obra. Seu criador J.R.R. Tolkien teria completado ontem, dia 03, 121 anos de
idade, claro se tivesse a longevidade Hobbit.
Para quem, incrivelmente,
não conhece J.R.R. Tolkien, basta lembrar uma de suas obras mais famosas: a trilogia
O Senhor dos Anéis. Sei que existem pessoas que não tenham lido os livros e
mesmo assistido aos filmes, mas certamente devem ter, pelo menos, ouvido falar,
seja nos meios de comunicação ou algum amigo fã da obra desse autor que não
escreveu muitos livros, mas com os que escreveu influenciou e ainda influencia
uma legião de fãs.
Quando tomei em minhas
mãos o exemplar de A Sabedoria do Condado não fazia ideia do que esperar. Para
falar a verdade, mesmo sendo apaixonada por Tolkien, ia deixá-lo para depois,
já que minha lista de livros cresce assustadoramente. Espero que janeiro seja
suficiente para dar conta de pelo menos metade deles.
Mas ao sentar diante do
teclado para compor a coluna de hoje (no blog As Envenenadas pela Maçã), que não seria sobre esse tema, a magia da
folha de Lórien agiu sobre mim e influenciou minha decisão.
Senti uma estranha
necessidade de conferir sobre o que o livro tratava, e me encantei com o que li.
Noble Smith conseguiu
transcrever o que eu, e agora sei que outros fãs também, sinto a respeito da
obra de Tolkien.
Ele faz uma análise sobre
o estilo de vida e de viver dos Hobbits, sempre fazendo um paralelo com os dias
atuais.
Eu poderia dizer que é um
livro para fãs, para aqueles leitores que são conhecedores da mitologia criada
por Tolkien. Mas não é este o caso, pois ainda que o livro cite, capítulo a
capítulo, passagens das obras do autor, A Sabedoria do Condado não está
limitada aos seguidores de Tolkien.
Claro que aquele que
conhece a obra estará mais familiarizado com as colocações de Smith, mas a
riqueza de seu texto e o uso de momentos fundamentais das histórias de Tolkien
dão ao leitor, mesmo “não tolkienado”, um ambiente aconchegante para desfrutar
e compreender essa leitura tão distinta.
Peter S. Beagler diz no
prefácio: “[...] Em uma época com tantos livros
de autoajuda e guias “espirituais” que nos ensinam como viver uma vida feliz, é
difícil acreditar que ninguém tenha pensado em pegar os Hobbits, de
J.R.R.Tolkien – os Pequeninos – como exemplos tanto físicos como filosóficos de
uma vida tão boa. [...]”
Eu não diria que A
Sabedoria do Condado seja uma coisa ou outra. Vejo-o como uma forma de “linkar”
a literatura com a realidade, até porque Tolkien criou um mundo e os seres que
nele habitam, mas não sem uma boa parcela de realismo.
A cada capítulo, Smith
levanta questões muito simples de nossa vida e nos leva a questionar como
seriam, se fossem vividas por essas criaturas tão únicas e nitidamente as
preferidas por seu criador.
Após as devidas
introduções e apresentações, Smith abre os capítulos sempre com um
questionamento, como o Capítulo 1 – Quão
aconchegante é a sua toca-Hobbit?
“Durante toda a minha vida eu ouvi, com frequência, as pessoas
descreverem uma casa aconchegante ou um cômodo particularmente confortável como
sendo ‘igualzinho a uma toca-hobbit’. Este é um dos maiores elogios que um fã
de Tolkien pode fazer a um lugar, pois nele passariam momentos lazer, leriam um
livro, bateriam um papo, apreciariam uma refeição deliciosa ou apenas estariam
lá dentro para ficar sentados e pensar.
Logo na primeira página de O Hobbit, J. R. R. Tolkien apresentou a
Bilbo Bolseiro o mundo (e a Terra-média, aliás) com uma descrição longa e
afetuosa da toca-hobbit. Seus Pequenos gostam, sem dúvida, de bastante
conforto. Mas eles não moram em mansões ostentosas ou castelos de pedra. Suas
casas aconchegantes, construídas nas encostas para haver um isolamento ideal,
são divertidos refúgios de madeira com lareiras, despensas bem abastecidas,
camas com colchão de penas e lindos jardins do lado de fora das suas janelas.
As adaptações cinematográficas de Peter Jackson mostram Bolsão em
toda a sua glória, com revestimentos de carvalho e lareiras flamejantes. Quem
não gostaria de habitar aquelas tocas, com vigas cortadas à mão, porta da
frente majestosamente redonda e cozinha iluminada por feixes de luz solar? Se
você está lendo este livro, muito provavelmente deve estar sorrindo neste exato
momento e pensando “Eu moraria ali mais rápido do que você consegue dizer ‘Barco
de Drogo Bolseiro’!.
[...]
Tudo, tanto dentro quanto fora da toca-hobbit, teria sido feito à
mão. E teria sido criado para durar a vida inteira, da maçaneta de latão no
centro da enorme porta redonda às canecas de argila da cozinha e às cadeiras em
frente à lareira. Quando foi que todos nos tornamos tão incapazes que não
sabemos fazer ou consertar até as coisas mais simples? Por que não esperamos o
mesmo tipo de permanência e qualidade em nossa vida?
[...]
Há setenta anos, Tolkien lamentava que o mundo parecia estar sendo
controlado pelas máquinas. Árvores eram derrubadas para abrir passagem para
oficinas feias, gasômetros e fábricas. (Imagine como ele se sentiria ao ver
como estão as coisas atualmente.) Ele escreveu a maior parte de O Senhor dos
Anéis durante a Segunda Guerra Mundial, na sua casa em Oxford, enquanto
estrondosos aviões de guerra voavam, sobre seu teto, para a Europa. Ele
resmungava, ameaçadoramente, que Moloch (deus que só podia ser apaziguado
através do sacrifício de uma criança recém-nascida) deveria ter assumido o
cargo de governante do mundo.
[...]
Tolkien escrevia frequentemente ao seu filho Christopher (o
principal público de suas histórias), que estava servindo na Real Força Aérea
na época, e enviava capítulos de O Senhor dos Anéis assim que conseguia
providenciar cópias datilografadas. Em suas cartas, descrevia para o filho as
pequenas alegrias da vida em Oxford e também lhe contava sobre os problemas e
atribulações de ser proprietário de uma casa. Ler sobre coisas mundanas quando
se está longe de casa é tão interessante quanto ler textos sublimes.
Tolkien tinha visto pessoalmente os horrores do combate ao servir
nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial. Como os Hobbits em O Senhor dos
Anéis, ele tinha retornado da desolação do campo de batalha para um mundo
mudado — um mundo em que ninguém mais caminhava sobre a Terra, à exceção de um
de seus amigos. Dez anos após a Grande Guerra, ele estava olhando fixamente
para uma folha de papel em branco quando as linhas iniciais de O Hobbit
surgiram em sua cabeça.
E assim nasceu o primeiro Hobbit — o herói relutante que parte de
sua amada residência e retorna de uma grande aventura como um homem mudado.
Todos nós seríamos sortudos na vida se tivéssemos a chance de viver uma
aventura inesperada e, depois, voltássemos com segurança para um lugar em que houvesse
conforto. Geralmente, só damos valor à nossa casa e à felicidade simples que
ela nos oferece se ficamos longe dela por um tempo.
Depois da Batalha dos Campos de Pelennor, Merry está se recuperando
do corajoso ataque ao pavoroso Rei-bruxo de Angmar nas Casas de Cura de Gondor
e ele diz a Pippin que somente uma coisa lhe deu força durante as desventuras
de sua terrível jornada: as profundas raízes espirituais que ele criara em seu
amado Condado.
Esta é a toca-hobbit da mente de Merry.
Tente pensar em um lugar da sua vida que era como uma toca-hobbit.
Pode ter sido a sala de estar dos seus avós, ou o estúdio do professor de
música, ou o apartamento de um grande amigo. Por que aquele lugar fazia você se
sentir em casa? Ele permitia que você sonhasse? Era o espaço em si ou as
pessoas que estavam nele que faziam a diferença? Ou a combinação de ambos? A
certa altura da vida, o seu subconsciente criou “raízes” nesse lugar e, mesmo
que o lugar não exista mais, você pode buscar forças nessa lembrança.
Você pode criar essa “toca-hobbit” aconchegante onde quer que você
esteja: no seu escritório, em um quarto de hotel, em um alojamento de
faculdade, em um apartamento na cidade ou em um quarto. Porque o espaço que
você habita é irrelevante se comparado ao poder da sua mente de projetar
contentamento. [...]”
A Sabedoria do Condado nos diz...
“Seu verdadeiro lar está dentro do seu coração e continua com você
onde quer que você vá; mas um lugar legal e aconchegante é um motivo
maravilhoso para voltarmos para casa!”
E é assim que vamos
entrando e nos sentido cada vez mais em “casa” com a leitura de A Sabedoria com
Condado, sempre encontrando um paralelo com nossa própria vida, sendo ou não um
tolkienado, como já disse.
Os Hobbits e sua maneira
de viver são o foco desta obra e são apresentados como pessoas simples,
espertas, trabalhadoras, ingênuas e, embora facilmente assustadas, são
extremamente leais e corajosas.
Fiquei muito feliz ao
perceber que não sou a única a ter os Hobbits como personagens preferidos em O
Senhor dos Anéis. Mas por quê? Alguns questionarão, certamente.
Nesta trilogia conhecemos
diversos personagens maravilhosos como Frodo – Hobbit portador do Anel, que tem
como missão levar o Um Anel para o local onde deverá ser destruído – herói da saga, aquele capaz de controlar todos os demais – para
evitar a vitória do mal e a volta de Sauron.
Conhecemos também Bilbo Bolseiro – que durante suas aventuras em O Hobbit, (que está
nas telas dos cinemas) apoderou-se do Um Anel, que estava em poder de Gollum, e
cujos poderes especiais, como o de conferir a invisibilidade, salvou sua vida
diversas vezes; Peregrin Tûk (Pippin) e Meriadoc Brandebuque (Merry)
– Hobbits companheiros constates de Frodo; Aragorn – homem, outro herói da
trilogia, herdeiro legítimo em condições de assumir
o trono de Gondor - cujo governo está nas mãos do regente Denethor. É um dos
líderes da comitiva do anel e como tal levará seu grupo às batalhas para
proteger a Terra-média e garantir a Frodo tempo suficiente para cumprir sua
missão; Gandalf – mago
de grande poder e sabedoria, mentor da aventura de Bilbo e também da missão de
Frodo. Líder máximo da comitiva do anel; Boromir – filho mais velho do regente de Gondor, homem de grande bravura,
mas sofre a influência maléfica do Um Anel; Gimli – anão, forte e valente, usa o seu machado com grande perícia nas
batalhas contra os orcs; Legolas – elfo dos povos do norte,
excelente arqueiro que usa suas habilidades também contra os orcs e outros
inimigos de Gondor; Sam Gamgi – cujo trabalho como
horticultor é um dos mais importantes e respeitados no Condado, é o Hobbit
mais fiel de Frodo e cujo empenho será essencial ao cumprimento da missão do
mestre – cá entre nós, é o meu personagem favorito.
Nobel Smith nos mostra a importância dos Hobbits, esses personagens tão
simplórios, na saga. Sobretudo no capítulo 9 – A Coragem de um Pequeno.
“No prólogo
de O Senhor dos Anéis, Tolkien nos informa que os Hobbits não são pessoas
belicosas. O Povo do Condado partiu para a batalha poucas vezes em toda a sua
história (e isso aconteceu há muito tempo); e eles nunca travaram guerra uns
contra os outros. Todas as armas que eles usaram nos velhos tempos estão
enferrujadas, penduradas sobre as lareiras ou juntando poeira no museu do
Condado.
Como o Condado produziu tantos guerreiros
valentes, alguns dos maiores heróis de A Guerra do Anel, com uma atmosfera tão
tranquila e afetuosa? Talvez seja porque os Hobbits estavam lutando por algo
bem diferente de glória ou derramamento de sangue: eles estavam lutando por
amor aos amigos.
‘Há uma semente de coragem, Tolkien escreveu,
‘escondida (profundamente, é verdade) no coração do Hobbit mais gordo ou mais
tímido, esperando algum perigo urgente para fazê-la crescer.”
Podemos viajar nas análises que Smith faz e mesmo aqueles leitores que
procuram apenas romance e cenas picantes em seus livros, não deixam de ter
alguma elucidação quando à obra de Tolkien.
Foi com grande surpresa e alegria de tomei conhecimento desta obra,
claro como fã de Tolkien, como professora que tem loucura por mitologia e
história em geral e como leitora de textos de qualidade. E é assim que resolvi
abrir 2013, homenageando e sendo homenageada com uma “ode” a uma das obras mais
influentes dos séculos XX (literariamente) e XXI (cinematograficamente), e que,
pelo visto, ainda há de sobreviver ao seu criador por muito mais tempo.
Essas criaturas, os Hobbits, são a personificação da impressão que
mencionei no início da resenha: de otimismo, coragem, festividade, alegria,
saúde, empenho, lealdade, amor e amizade, que é tudo o que desejo a todos
durante todos os dias de 2013.
“Todos os caminhos levam à estrada e a sabedoria
vai guiá-lo até lá, e de volta ao Condado, um país que existe dentro dos nossos
corações, uma verdade que é revelada ao mundo através de nossas ações honrosas.”
Aproveitem a leitura e até breve!
Tania Lima
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